Bem vindo(a) ao Blog

A Arte de Ensinar










Para iniciar a discussão a que me proponho neste trabalho, começo com uma metáfora, que é recorrente na história de grupos que fazem educação: a metáfora do jardim.

Jardim transmite a impressão de início: nele são semeadas futuras flores e plantas; as crianças começam a sua incursão na educação formal através da Educação Infantil, anteriormente chamada Jardim da Infância. Dali elas extrairiam o olor de seres completos e com personalidade e caráter congruentes, para que, desde aquele momento em diante, passassem a ser, também, pessoas congruentes.

O jardim era também um local na Antigüidade Clássica onde mulheres, crianças, escravos e cidadãos se encontravam para procurar a felicidade.

Os professores também procuram a felicidade dos seres. O grande segredo da longevidade da educação tem sido o cuidado que o mestre nutre por sua relação com o aluno, por sua tarefa de educar e por sua proposta de trabalho.

Procurar a felicidade corresponde ao fato de prestar uma ajuda ajustada a quem carece dela: a criança sonhadora e seus pais, ou seja, as pessoas reais da sociedade que depositam na instituição escolar inúmeras expectativas e sonhos com relação à educação de sua prole e de si mesmas. Estas pessoas importam-se, e muito, com aquilo que é lido para seus filhos, com o que seus filhos têm aprendido na escola e, principalmente, com qual tem sido o papel desempenhado pelo professor na vida de seus filhos.

Ao pensar no professor e no papel que desempenha penso numa figura análoga a ele: o beija-flor - a ave mais bela que existe em nosso mundo, em sua forma e essência. Porém, ao lembrar do beija-flor, penso em dois outros seres alados que também podem servir de analogia à figura de alguns professores e ao modus operandi diverso de sua atuação: a mosca e a borboleta.

Imaginei seres alados porque confio veementemente que o professor tem a capacidade de provocar uma superação do status quo de seus alunos, uma mudança de comportamento - expressivo, sensitivo, cognitivo, ou de outra ordem - assim como os seres alados, que nos remetem a novos horizontes ou possibilidades de observação de um mesmo horizonte antigo.

Descrevo a seguir o processo educativo sob a ótica do professor que tem a visão da mosca, da borboleta, do beija-flor e, consecutivamente, a maravilhosa atitude de educar, tendo como utensílios os Contos de Fadas: ou seja, a leitura que o professor leva às suas crianças.

Quanto às supracitadas "visões", elas podem "acontecer" de formas diversas em termos de tempo, espaço e intensidade.

Três Visões em Educação: a atitude do professor

Visão da Mosca
Estabeleçamos a analogia pictórica de que a sala de aula seja um jardim. Pensemos que neste jardim existem muitas flores como analogia aos alunos da sala de aula, porém, existe também, uma fruta podre. O professor aparece relacionado à figura de uma mosca, despreza as flores e vai direto na fruta podre. Assim, este professor é aquele profissional que capta tudo que é feio, exaltando os defeitos. É o caso do professor que enxerga somente os erros, os defeitos e as derrotas, não só de seus alunos, mas dele próprio, dos colegas, do sistema, da vida, frustrando-se com o volume de erros com que deve lidar cotidianamente.

Visão da Borboleta
Nossa analogia continua igual em sua extensão e personagens, com exceção de uma: a mosca. A partir de agora, toma o espaço de representante do professor a borboleta. O lugar também se altera: há um pântano com muito lixo, coisa deteriorada e suja. No meio de tudo há uma flor. A borboleta despreza todo o resto e pousa direto na flor. Capta tudo que é belo, exaltando as qualidades positivas. É o caso do professor que só repara os êxitos e as qualidades positivas dos alunos. Como não é sempre que encontra o belo, frustra-se.

Visão do beija-flor
Agora o lugar pictórico de nossa analogia muda um pouco de aparência. A figura do professor também se altera, neste lugar, toma a cena o beija-flor. Este lugar é metade jardim e metade pântano. O beija-flor visita os dois ambientes. Prefere fazer seu trabalho iniciando-o pelas belas flores do jardim, mas tudo que pega dali, dissemina no pântano e, aos poucos, faz dali um jardim. É o caso dos professores que sabem dos percalços de seu trabalho, compreendem as meias-medidas e disseminam beleza e leveza por onde quer que passem.

Para pensar o que se pode fazer com o discurso psicológico dos Contos de Fadas podemos refletir sobre o que se lê para nossos jovens. Num mundo em crise, em que o progresso acentua a dicotomia entre razão e emoção e provoca atitudes fragmentadas no ser humano, o trabalho em sala de aula com Contos de Fadas é algo muito saudável.

Sabendo que a escola deve formar alunos críticos, participativos e criativos, que possam refletir sobre si e a sociedade, sabe-se que é importante o cultivo do pensamento, desde muito cedo, para que o indivíduo, gradativa e livremente, construa sua autonomia a partir de uma consciência crítica. Esse cultivo deve permear todo o processo de ensino escolar, nos diversos graus e nas diversas modalidades de ensino. O ser humano necessita muito mais do que a razão e o corpo físico para sobreviver, carece de doses afetuosas de carinho e relações satisfatórias, além de entrar em contato com seu próprio eu, necessita constituir-se sujeito, lidar com seus medos e anseios, bem como com suas características boas e más.

A identidade é um dos constituintes do que se convencionou chamar representação de Si Mesmo, a base da estruturação do Eu. Freud sintetizou este processo ao citar Goethe: "Aquilo que herdaste de teus pais, conquista-o para ser teu".

Para Freud (1923) - o ego é um precipitado de identificações", o que, porém, não significa ainda ter um Eu ou uma Identidade. O processo identificatório ou de individuação requer,
num primeiro momento, identificação da criança com seus pais (movimento que propicia internalização de valores oriundos dos mesmos) e,
num segundo momento, relações fraternas entre irmãos (que funcionará como defesa contra a inveja e a rivalidade), posteriormente, mas não com menor importância, inicia-se a criação de um vínculo com membros de determinado grupo, notadamente a escola (quando a criança passa a exercitar a empatia) e,
finalmente, vivencia o processo de diferenciação quanto à sua família e colegas, voltada à conquista de sua singularidade.

Assim, pode-se dizer que toda pessoa pode ser considerada, em termos do que congrega de atributos e valores:
a) como todas as outras pessoas (as características universais),
b) como algumas outras pessoas (as características de grupo) e,
c) como nenhuma outra pessoa (suas características idiossincráticas), ou seja, a pessoa deve ser entendida sob três dimensões:
a dimensão biológica,
a dimensão social e
a dimensão individual.

Para saber mais ou ler o artigo na íntegra, acesse a guia Artigos do site: www.edukaleidos.pro.br
Artigo: Marilene Lima - Psicóloga, pela UMESP (1991-1997) e Mestre em Educação: História, Política, Sociedade, pela PUC/SP (1999-2001) tendo desenvolvido pesquisa sobre a História dos Métodos de Alfabetização em São Paulo. Atuou por dez anos como Professora da Educação Básica (1991-2001). Psicóloga (UMESP). Atua como docente na Pós-Graduação da UNISA nos cursos: Psicopedagogia Clínica e Institucional (Lato Sensu). MBA Executivo em Gestão de Pessoas (Unisa Business School). Contato: marilenelima@edukaleidos.pro.br . Site: www.edukaleidos.pro.br.

Um comentário:

  1. Olá estou buscando opiniões diversas sobre a arte de ensinar porque acredito que aprendo mais quando ensino. Quero acompanhar seu blog e ampliar minha forma de pensar. Também peço para utilizar suas referências em meu blog. Obrigada.

    ResponderExcluir